Se perguntarem se te amo, por favor explica.
Um dia eu acordei e achei que o mundo não valia a pena. Te conheci nesse dia.
No segundo dia, eu pensei que já tava cansada de tudo e de todos. Nesse dia, você me falou de você.
Algumas semanas depois, ainda tava me sentindo vazia. Você me explicou que o vazio machuca e que sempre é melhor estar cheio do que quer que seja.
Depois, até que as coisas melhoraram, eu ainda estava triste, mas não vazia, já que você falou que o vazio dói. Você falou que se sentia assim também, mas que procurava enxergar o melhor em tudo.
Mais tempo passou, eu já me sentia bem, alguém era parecido comigo e parecia se importar com isso. Você me contou que nós eramos mágicos, que podíamos ser quem quiséssemos e que tudo era belo.
Um pouco depois, eu me sentia mágica, tinha alguém mágico ao meu lado. Você falou que estaria sempre ali pra mim e que tudo fazia sentido, ainda que não fizesse.
Você me fez sentir me sentir "sim" quando eu era só "não". Me mostrou o "sempre", me fez esquecer o "nunca" e contou que entre nós antes do "sempre", sempre deveria vir um "pra". Me levou numa viagem fantástica, na qual o "vazio" era só mais um lugar que nós poderíamos transformar em um "cheio".
Me fez contrariar a biologia, ou talvez favorecer um conjunto de reações químicas intermináveis. Acelerou meu coração, diminui minha respiração, dominou meus pensamentos, aflorou meus sentidos, me fez flutuar. Como um "cheio" cheio de você.
Então se um dia perguntarem se te amo, por favor explica. Explica que não tem explicação, que o que eu sinto é só inexplicavelmente inexplicável. E só. Explica também que interminável, indestrutível, indiscutível, inacreditável, indubitável e ainda assim "leve", mas um "leve" cheio de sentimento. Explica que nem Einstein ou Freud entenderiam esse meu desentendido. Que é um "mais" que não se subtrai, que é um "produto" indivisível de expoentes sem raiz exata. Que é simplesmente complicado, com todas as simples complicações de ser.